segunda-feira, 5 de outubro de 2015

MCore Entrevista: Santa Morte, hardcore de São Paulo/SP


Na semana passada a nossa equipe conversou com a banda Santa Morte, hardcore da zona leste de São Paulo/SP. A banda foi formada em 2011 e possui 2 álbuns: Aos Verdadeiros (2012) e Cotidiano [In]comum, lançado em abril deste ano. Confira a entrevista abaixo: 

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Quando surgiu a banda?

A banda surgiu em 2011, formada pelo nosso guitarrista Fernando Muniz. Ele conhecia a gente, mas ninguém se conhecia. Ele foi o cara que reuniu todo mundo e formou a banda, quando todos estávamos parados, ou descontentes com nossos projetos na época.

Quais são as principais influências?

É difícil responder essa pergunta, porque todo mundo na banda ouve de tudo, e cada um veio de uma vertente de som diferente. O Caio e o Ismael vieram mais do hardcore Califórnia, mais melódico. O Fernando Muniz curtia mais hardcore nova-iorquino, com mais peso, e new metal. O Henrique curtia mais rap, e umas bandas nova-iorquinas também, e eu vim do metal extremo, ouvia Black, Death, Thrash. Mas hoje em dia, todos nós ouvimos de tudo. Dede samba, rap, ska, até metal, grind, e etc. É engraçado porque todos têm a imagem de que somos “rockeirões” e tal, mas na verdade muitas vezes fizemos viagens inteiras da banda ouvindo Fundo de Quintal, e Bezerra da Silva. Costumo dizer que a música só deve ser dividida em dois tipos: música boa, e música ruim. Ouvimos música boa, independente do gênero.

Porque o nome ''Santa Morte''? Nos conte mais sobre o significado.

A Santa Morte é uma representação da Nossa Senhora de Guadalupe, uma santa mexicana que é considerada a padroeira de tudo que pode ser chamado de “escória” na sociedade. Traficantes, ladrões, prostitutas, assassinos, e etc. Ela representa a morte e o renascimento, pois a história diz que quando um criminoso ou pecador se arrepende, mesmo com crimes tão graves, e entrega sua vida a ela, ele tem a redenção. É essa ideia que a gente procura passar através das nossas músicas, de redenção e evolução. Todos erramos, e todos temos potencial para nos tornarmos alguém melhor do que somos todos os dias. Por isso em nossas letras fazemos muitas críticas sociais. Mesmo vivendo meio a isso, você não precisa fazer parte, você pode ser mais do que isso, se redimir, e tornar-se alguém melhor, independente dos teus erros.

Recentemente vocês fizeram um show no Aquarius Rock Bar (casa de show localizada em Itaquera, zona leste de São Paulo) junto com Strike, Dead Fish e Trela, que fazem um som muito diferente da Santa Morte. Apesar da mistura de estilos, como foi este show?

Foi sensacional. Sinceramente, inicialmente pensamos que seríamos vaiados. É um público que imaginávamos ser acostumados com um som muito diferente do nosso, e que na primeira nota que déssemos no palco, começaríamos a tomar umas latadas na cabeça rs. Foi o engano mais feliz que já cometemos. Todo mundo foi muito receptivo, e estava ali de cabeça aberta para curtir o show. O mais legal é que vi muita gente curtindo as músicas, realmente prestando atenção, ou só balançando a cabeça, e quando perguntei quem ainda não conhecia a banda, mais da metade do público levantou a mão, e isso foi incrível, porque quando você vai a um show de bandas mais melódicas, e tem uma banda que você não conhece, tocando um som totalmente diferente, é algo que se choca diretamente com o que você está esperando ver / escutar, e todo mundo curtiu. Foi um momento memorável para a banda, ainda mais por tocar com o Dead Fish, que todos nós somos muito fãs. Gostaria de aproveitar o espaço também, para mais uma vez agradecer o nosso amigo Fernando Luiz Bricola, um dos melhores e mais responsáveis produtores de eventos que conhecemos, idealizador e organizador do Brutal Warfare, e que nos fez o convite para tocar nesse show com Dead Fish, e Strike. A banda tem um carinho muito grande por esse cara, que dá o coração para fazer tudo o que faz com maestria. Dificilmente se vê produtores que se preocupam tanto com o bem-estar das bandas hoje em dia. Obrigado Fe, tamo junto mano!

Qual a opinião de vocês sobre o underground atualmente?

Eu vejo que estávamos numa constante caída. O ano passado foi mais fraco que o ano retrasado, e este ano está sendo mais fraco do que o ano passado, em questão de shows, público, surgimento de bandas, e movimentos relacionados à cena, porém, parece que as coisas vão mudar daqui em diante, e talvez volte a crescer. Vejo gravadoras como a Deckdisc por exemplo, voltar a investir em bandas underground de som mais pesado, e os eventos ganhando mais força. Acho que o momento ainda é de baixa, porém, quando se está no chão, a única direção que se pode seguir, é para cima. O ano que vem será melhor.

Vocês acham que com a participação do John Wayne e do Project46 em um grande evento como o Rock in Rio mais bandas da cena passarão a ter mais participação em eventos desse porte? 

Acho que foi histórico. Os caras chegaram onde eu jamais imaginei que veria o underground chegar. O que os caras fizeram pela cena underground no país não tem como mensurar. Eu jamais imaginei que voltaria a ver bandas brasileiras de som pesado no Rock in Rio, que se tornou um evento totalmente comercial e sem ideologia. Isso resgata de volta um pouco do que esse evento pode representar para o nosso país, que somos sim o país do samba, mas que também podemos ser o país do metal, do hardcore, e que as bandas não precisam “popularizar” seu estilo de música para conquistar isso. Sinceramente, eu havia pensado um dia que não haveria mais metal nacional após a geração Sepultura, Korzus, Torture Squad, Claustrofobia e etc. Depois disso, mudei completamente minha concepção, e acredito fortemente que haverá sim. O Brasil tem músicos de qualidade o suficiente para manter isso vivo, e bater de frente com qualquer banda gringa.

Qual conselho vocês dão para as bandas que estão iniciando? 

Às vezes alguém me pede conselhos sobre isso, mas a verdade é que não existe uma “fórmula mágica” para fazer uma banda funcionar. As vezes vejo no facebook alguém postando um vídeo berrando, e dizendo que está procurando uma banda. Eu sinceramente não entendo isso, não encaixa no meu consenso de banda. Para mim, banda você faz com amigos. Se você se diverte com o que está fazendo, é porque está fazendo a coisa certa. Começamos a banda apenas para fazer um som que gostávamos de ouvir, nos reunirmos, e trocarmos ideias, darmos risada, porque pensamos parecido, e temos personalidades próximas. Somos amigos antes de sermos banda. Acredito que a parada seja essa. Seja verdadeiro, sincero, e principalmente, acima de tudo, DIVIRTA-SE!

Vocês lançaram o seu segundo álbum de estúdio neste ano. Já estão com planos para lançar um novo?

Existem planos bem distantes para um EP. Talvez para o meio do ano que vem, não sabemos ainda, apenas tivemos algumas ideias, e estamos conversando sobre. Vai ser um EP para homenagear nossas influências, e nossas origens. Eu não posso falar muito ainda, pois não tem nada concreto, apenas algumas conversas sobre, mas deve rolar algo novo ano que vem sim, apesar de não ser um full, como o Cotidiano [IN]Comum, que ainda está muito recente.

Muito obrigado por nos ceder esta entrevista. Deixe um recado para os leitores da MCore:

Agradecemos de coração pelo apoio, e o carinho que sempre recebemos das pessoas que acompanham nosso corre! Qualquer coisa que a gente diga, será pouco para expressar nossa gratidão! Então, resumiremos à um simples, porém sincero: OBRIGADO! É Santa Morte nessa porra!


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